A síndrome da dor patelofemoral (SDPF) é um termo amplo usado para descrever a dor na frente do joelho e ao redor da Patela (anteriormente chamada de Rótula). Às vezes é chamado de “joelho de corredor” ou “joelho de saltador” porque é comum em pessoas que participam de esportes – especialmente mulheres e adultos jovens – mas a SDPF também pode ocorrer em não atletas.
A dor e a rigidez causadas pela SDPF podem dificultar subir escadas, ajoelhar-se e realizar outras atividades cotidianas.
Muitos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da SDPF. Problemas com o alinhamento da patela, desequilíbrios musculares, e a sobrecarga do joelho, no esporte ou devido ao excesso de peso corporal, costumam ser fatores significativos.
Os sintomas geralmente são aliviados com tratamento conservador, como alterações nos níveis de atividade ou um programa de exercícios terapêuticos.
Anatomia
O joelho é a maior articulação do corpo e uma das mais complexas. É composto por:
Ligamentos e tendões conectam o fêmur aos ossos da perna.
O joelho é composto basicamente por cinco estruturas: ossos, cartilagens, meniscos, ligamentos e tendões.
Os músculos são conectados aos ossos por tendões.
A patela repousa em um sulco na parte superior do fêmur chamado tróclea. Quando você dobra ou estica o joelho, a patela se move para frente e para trás dentro desse sulco.
A cartilagem articular cobre as extremidades do fêmur, o sulco troclear e a parte inferior da patela. A cartilagem articular permite que os ossos deslizem suavemente uns contra os outros enquanto o joelho se move.
A cartilagem do joelho é protegida por meniscos – estruturas que atuam como “amortecedores” entre o fêmur e a tíbia, ajudando a proteger e estabilizar a articulação do joelho. Cada joelho tem dois meniscos – um na parte externa do joelho (lateral) e outro na parte interna (medial). Os meniscos medial e lateral protegem a cartilagem articular do fêmur e da tíbia, mas não a cartilagem articular da patela ou o sulco troclear.
A sinóvia, um fino revestimento de tecido que cobre a superfície da articulação, produz uma pequena quantidade de líquido que lubrifica a cartilagem. Abaixo do tendão patelar há uma fina camada de gordura (gordura de Hoffa) que protege o tendão de atrito contra o osso da tíbia.
(Esquerda) A patela normalmente repousa em um pequeno sulco no final do fêmur chamado sulco troclear. (Direita) À medida que o joelho se movimenta, a patela desliza para cima e para baixo dentro do sulco.
Descrição
A síndrome da dor patelofemoral ocorre quando há um processo inflamatório / degenerativo em alguma estrutura da região anterior (frente) do joelho, como os tendões, sinóvia, cartilagem ou gordura de Hoffa.
A condromalácia patelar (atualmente chamada de Condropatia Patelar) é o amolecimento ou a rotura da cartilagem articular na parte inferior da patela (rótula).
Causas
Uso excessivo
Outros fatores que podem contribuir para a dor patelofemoral incluem:
Desalinhamento patelar
A síndrome da dor patelofemoral também pode ser causada pelo deslizamento anormal da patela no sulco troclear do fêmur. Nessa condição, a patela é empurrada para um lado do sulco quando o joelho é dobrado. Essa anormalidade pode causar aumento da pressão entre a parte posterior da patela e a tróclea, irritando os tecidos do joelho.
Os fatores que contribuem para o mau alinhamento e deslizamento da patela incluem:
(Esquerda) Nesta ressonância magnética, a patela está normalmente alinhada dentro do sulco troclear (setas). (Direita) Aqui, a patela está lateralizada em relação ao sulco troclear (círculo).
Sintomas
O sintoma mais comum da SDPF é uma dor na frente do joelho. Essa dor – que geralmente começa gradualmente e é frequentemente relacionada à atividade – pode estar presente em um ou ambos os joelhos. Outros sintomas comuns incluem:
Mudanças de atividade
Pode ser necessário nterromper as atividades que fazem seu joelho doer até que sua dor desapareça. Isso pode significar:
Medicação
Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES), como ibuprofeno e naproxeno, utilizados por curto período de tempo, podem ajudar a reduzir o inchaço e aliviar a dor.
Se a dor persistir ou se tornar mais difícil mover o joelho, entre em contato com seu médico para uma avaliação completa.
Exame médico
Exame físico
Durante o exame físico:
Para ajudar a diagnosticar a causa da dor e descartar quaisquer outros problemas físicos, o médico também pode verificar:
Finalmente, seu médico pode pedir que você caminhe para examinar a marcha (a maneira como você anda) e procurar problemas com sua marcha que possam estar contribuindo para a dor no joelho.
Exames de imagem
Raios-X: fornecem informações sobre eventuais alterações no formato da articulação do joelho;
Ressonância nuclear magnética (RNM): fornece imagens claras dos tecidos moles do corpo, como ligamentos, tendões, músculos e cartilagens.
Tratamento
O tratamento médico para SDPF é projetado para aliviar a dor e restaurar a amplitude de movimento e força. Na maioria dos casos, a dor patelofemoral pode ser tratada de forma não cirúrgica.
Tratamento não cirúrgico
Além das alterações de atividade e do uso de medicação anti-inflamatória, seu médico pode recomendar o seguinte:
Fisioterapia. Exercícios específicos irão ajudá-lo a melhorar a amplitude de movimento, força e resistência.
É especialmente importante se concentrar no fortalecimento do quadríceps e dos músculos do quadril e no alongamento dos músculos posteriores da coxa, pois esses músculos trabalham juntos para estabilizar a patela.
Exercícios também podem ser recomendados para fortalecer os músculos do abdômen e da região lombar.
Casos selecionados podem se beneficiar com o uso de infiltração articular com ácido hialurônico.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico para dor patelofemoral é raramente necessário, sendo realizado apenas para casos graves que não respondem ao tratamento não cirúrgico. Os tratamentos cirúrgicos podem incluir:
– Artroscopia: Durante a artroscopia, o cirurgião insere uma pequena câmera, chamada artroscópio, na articulação do joelho. A câmera exibe imagens em um monitor e o médico usa essas imagens para orientar instrumentos cirúrgicos.
– Transferência óssea do tubérculo tibial. Em alguns casos, pode ser necessário realinhar a patela para aliviar o estresse da cartilagem danificada, movendo o tendão patelar junto com uma parte do tubérculo tibial – a proeminência óssea (protuberância) na tíbia.
Prevenção
A síndrome da dor patelofemoral geralmente é totalmente aliviada com medidas não cirúrgicas. Pode voltar, no entanto, se você não ajustar sua rotina de treinamento ou nível de atividade.
É essencial manter o condicionamento adequado dos músculos ao redor do joelho e do quadril, especialmente os músculos quadríceps e os músculos abdutores e rotadores externos do quadril.
Existem medidas adicionais que você pode tomar para evitar que a dor patelofemoral no joelho volte. Eles incluem:
Dr. Anderson Luiz de Oliveira
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT)
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Quadril (SBQ)
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE)
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE)